segunda-feira, 1 de agosto de 2022

# 110 - Venha que eu sou da Penha


Primeiramente, não sou da Penha. Nasci em Itaim Paulista e me mudei pro Jardim Penha quando tinha 5 anos de idade. O Jardim Penha é um pequeno bairro do Distrito Cangaíba. Tempos atrás rolou uma discussão onde uns falavam que o Jardim Penha fazia parte do Distrito Ermelino Matarazzo. De qualquer maneira, o Jardim Penha não é Penha e tampouco fica na Penha. Ou seja, não sou da Penha. 
Mas, eu gosto de falar que sou da Penha. Estudei inglês e trabalhei na Penha como professor de inglês. Meu primeiro imóvel foi na Penha, ali perto do Centro Espírita Bezerra de Menezes. Então sim, só venha! 
Já fizemos muitos rolês pelo bairro. Você pode conferir todos clicando no marcador Penha aqui do lado.
Toda vez que marcamos algum passeio pela Penha, sempre rolam as mesmas questões de percurso. É impossível pedalar pela Penha, se o propósito é explorar o bairro, sem evitar subidas e descidas. O bairro todo é montanhoso. Não é para iniciantes. Isso, por si só, desanima aqueles mais enferrujados ou aqueles que não gostam de pirambeiras. Nesse, estávamos em quatro pedaleiros: Darcio, Allan, Felipe e eu. 
Além dos lugares costumeiros, passamos pela Vinícola Lucano, que fica na Rua Mirandinha. A família de imigrantes veio do sul da Itália pra Penha nos anos 60 e aqui começaram a fazer vinhos no quintal. É curioso, mas poucas pessoas conhecem essa vinícola e sempre tem alguém surpreso por saber que existe uma na Penha. Outro ponto interessante, e foi minha primeira vez no local, foi visitar o quintal da casinha antiga da Rua Vera Cruz, a casa dos trilhos, que fica no número 228. Na fachada da casa podemos ver a inscrição M.A 1938. No blog São Paulo Antiga eu fiquei sabendo que M.A significa Ministério da Agricultura. Hoje o quintal da casa está aberto e é só entrar pra ver os trilhos de uma linha de trem que saía da linha principal e subia pro centro da Penha. Depois de desativada, antes de 1924, só restou esse pequeno trecho de trilhos que está lá no quintal da casa até hoje. Pra quem não conhece, vale muito uma pedalada por essa bandas. A Penha é cheia de história. O rolê fica melhor ainda quando feito com quem manja da região, e nisso o Darcio manda muito bem. 



 

sábado, 11 de dezembro de 2021

#109 - O Brás, meu amigo Malagrino, e um grupo de ciclistas toscos

Era tudo mato! Tudo isso era só mato! Aqui parecia um mar quando chovia. Tudo várzea do rio. Toda vez que pedalávamos, o velho Bueno ia me contando coisas sobre aquelas terras, as chácaras, a colina da Penha, o rio Aricanduva, o caminho do Brás. O velho dizia que tinha conhecido o José Brás, donos daquelas chácaras, pessoalmente quando criança. Anos mais tarde, quando conheci Malagrino, voltei a pedalar por aquelas bandas, e ia, assim, repetindo aquelas velhas histórias para meu novo amigo italiano.  

Lembro da primeira vez que vi Malagrino. Eu estava parado na frente da hospedaria quando ele veio, bateu no meu ombro, e apontou pra minha bicicleta. Não entendi uma palavra que ele disse, mas dias depois, já estávamos pedalando juntos, e foi assim que começou, meio sem querer, a história do grupo de ciclistas mais toscos e desajeitados que já pedalaram pelas ruas de nossa, agora, metrópole.

Após as primeiras leis abolicionistas, a imigração tornou-se uma saída para suprir a falta de mão de obra barata. Soma-se a esse contexto a situação de miséria e fome na Europa no fim do século 19 e início do 20. Assim, o Brasil, e mais notadamente São Paulo, principal produtor de café, desenvolveram políticas de imigração, nas quais se insere o sistema de hospedarias, criadas para acolher imigrantes que vinham trabalhar nas lavouras e no início da indústria.

Malagrino desembarcou em Santos vindo de Corigliano Calabrio. Subiu de trem de Santos pra São Paulo e foi naqueles primeiros dias enquanto estava na Hospedaria de Imigrantes que ele veio bater no meu ombro e apontar pra minha bicicleta. Isso foi entre a greve geral de 1917 e a revolta paulista de 1924. Não me lembro exatamente. Definitivamente antes de 1924. Sei disso porque ficou extremamente perigoso pedalar pelas ruas na época da revolta paulista e o Malagrino morria de medo. Os caras construíram uma trincheira bem na esquina da minha casa. Ninguém sabia nada do que estava acontecendo. Tenta imaginar um mundo sem tweets e celulares. A coisa ficou feia! Tinha trincheiras na Paulista, no Teatro Municipal. Num dia pela manhã um estouro! Uns soldados que tinham assumido um controle de um batalhão de cavalaria lá pros lados de Santana, tomaram a base aérea de Marte e de lá do outro lado do rio dispararam balas de canhão contra o Palácio do Governo, que ficava próximo à Praça Princesa Isabel, no centro antigo. Bairros operários foram bombardeados. Foram 23 dias surreais em São Paulo!

Foi logo depois desse episódio que descrevi, que Malagrino se mudou. Nossos rolês foram ficando mais esporádicos até que nunca mais pedalamos juntos.

Vi com meus próprios olhos as mudanças que foram ocorrendo ao longo dos anos, no Brás. Por volta de 1940 sírios e libaneses começaram a se fixar no bairro por conta dos preços mais baratos dos imóveis. Na mesma época, a forte migração nordestina. Até meados de 70 os migrantes transformaram a imagem do comércio na região. Foram várias as amizades que fiz nesses anos. E pra todos esses novos amigos e amigas, sempre contei as histórias do velho Bueno e as presepadas que passei com Malagrino naqueles primeiros anos de chave-de-boca - nome tosco, de um grupo de ciclistas toscos e desajeitados - que, até hoje, pedalam por aí, nas ruas de nossa caótica e querida cidade. 



Depois de anos e uma pandemia, cá estamos de volta com o rolê #109. Inicialmente planejado pra ser Tiquatira até Itaquera, Ometto e eu decidimos ir até o Centro. Passamos pelo Brás, Pari, Luz, Centro, comemos um pastel na feira do Minhocão, subimos pela Consolação até Paulista e descemos pela Vergueiro até o Centro. Quando estávamos no Brás, na volta, o pneu do Ometto estourou e ele acabou voltando de metrô pra casa. Eu segui até o Jardim Santa Maria, perto da Cidade Líder. 

bikers: felipe ometto e sandre quirino.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

são paulo > aparecida


sabe quando você imagina que algo será difícil mas acaba sendo mais que difícil? eu tinha viajado de bike somente pra santos em 2011 pela estrada de manutenção da imigrantes [relembre] e aí vem o marcos com esse convite pra aparecida. ele e outros comparsas aqui do grupo já tinham feito esse rolê ano passado e eu resolvi encarar esse ano. o rolê é bem tradicional, aparecida atrai inúmeros visitantes e romeiros de todos os cantos e muitos ciclistas já fizeram essa empreitada. saímos do parque ecológico do tietê lá pelas 5:30 da manhã, não me lembro exatamente, e seguimos pela rodovia ayrton senna e carvalho pinto até taubaté e depois pegamos a dutra até aparecida. inexperiente, fui no ritmo dos pedaleiros nos primeiros kms e já de cara vi que não seria boa ideia. mas em nenhum momento pensei em desistir, apesar de dores na coxa e uma leve assadura na virilha. uma vez um amigo me disse que o ideal é pedalar com o shorts de ciclismo (eu costumo usá-lo por baixo da bermuda) sem usar cueca. eu nunca dei muita atenção pra essa dica mas vou procurar fazer isso da próxima vez que pedalar uma longa distância. no total foram 170kms pedalados em 13 horas. muitos fazem em menos tempo. eles mesmo, no ano passado, fizeram em 9h. 
o caminho tem suas belezas naturais mas especialmente depois de taubaté quando se pega a dutra, a atenção fica mais focada nos caminhões barulhentos que passam a todo momento e no próprio esforço físico e vontade de chegar ao destino. é uma droga, mas esses acostamentos são cheios de coisas que podem furar o pneu. é bom ficar atento a isso também.
vale uma esticada na cidade pra fazer um turismo. aparecida tem uma geografia interessante e uma linda vista do morro do cruzeiro de onde se vê o imenso vale do rio paraíba do sul e os altos picos da serra da mantiqueira ao fundo. 
volte de ônibus se você não for louco. 

bikers: marcos, tonimar, wendel, kamal, rejane, eduardo, danilo, leo, celso, nat e sandre. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

#102 - Inauguração da ciclovia da Avenida Paulista

foto de Flávia Tozzi
Nosso rolê #102 aconteceu no domingo do dia 28 de Junho de 2015, inauguração da ciclovia da Avenida Paulista. Nós tardamos, mas não falhamos. Aquele caminho tradicional da zona leste até a Paulista, rolê pela ciclovia, parada para comes e bebes e tudo aquilo que sempre fazemos. 

Bikers: Natalia, Flávia e Sandre.

terça-feira, 12 de maio de 2015

#100 - Mission Failed

Era pra ser o super rolê ZL de 100 km pelos confins da zona leste. 100km pra comemorar 100 rolês de bike com o chave-de-boca. Fiz um roteiro bem legal com lugares que já conhecia e outros que gostaria de conhecer. Não me preocupo muito com o percurso. Tem sempre alguém que conhece e vamos meio que improvisando durante o rolê. Depois fiz um flyer tosco - coisa que fazemos desde o primeiro passeio - chamei os amigos e esperei a confirmação dos participantes. Uns 15 ou 20 pedaleiros, talvez mais, não me lembro exatamente. Veio gente de Osasco, zona sul, Diadema. Velhos amigos, pessoas novas. Pedalar pela ZL não é tarefa das mais fáceis. É morro pra todo canto, motorista descuidado, sinalização precária, sinal de celular ruim. Não é fácil pedalar com 20 pessoas também. Se liga no mapa do rolê:

Na altura do ponto 20 do mapa meu pedal se desfez. Pedalzinho vagabundo, que nunca tinha trocado desde que montei a bike em 2009. Era pra ser temporário e acabou ficando. Os primeiros pedaços começaram a cair na altura do ponto 18 e no ponto 20 só tinha o cotoco do pedal. Ainda bem que o Tonimar conhecia bem a região e sabia de um bicicletaria aberta de domingo. O sol estava de matar e isso nos fez fazer várias paradas. Jardim das Oliveiras, Cidade Kemel, parada no Mercado Municipal de Guaianazes, Cidade Tiradentes, Iguatemi. Ali é o final da Av. Sapopemba (uma das maiores avenidas de SP, talvez a maior). Nessa região a avenida parece mais uma serra. Mato pros lados, subidas, descidas e curvas. Numa dessas curvas havia areia no chão. Areia no chão mais velocidade desnecessária, um dos amigos foi ao chão. Foi um capote daqueles. Dali o rolê acabou e as próximas 7 horas do dia foram passadas no Hospital Geral de São Mateus. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

#99 - Pedal 3 em 1 pela Zona Lost x Pastel na Santa Cecília

Os rolês por essas paragens estão tão escassos que fizemos o #99 em setembro e fomos fazer o #100 em dezembro. Não, espere. Em dezembro fizemos o #99 novamente. Não tente entender o que se passa por aqui. Você só vai entender se pedalar com o chave-de-boca. Não fui nos dois rolês e, portanto, não tenho muito o que falar. Mas arranjei umas fotos e um vídeo feito pelo Rogério do segundo rolê #99, com trilha sonora do Bad Religion. [aqui

#99 de dezembro. Evelin, Luciano, Wendel, Mauro e Rogério no Vale do Anhangabaú. 
#99 de setembro. Galera nas proximidades do Parque Ecológico do Tietê. 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ciclovias na Zona Leste

Evandro pela ciclovia
São Paulo deve ganhar 400km de ciclovias até o fim de 2015. Aqui na Zona Leste elas estão aparecendo aos poucos. A foto ao lado mostra um trecho da ciclovia na Av. Calim Eid, sentido bairro. Nessa primeira fase, a ciclovia passa por essa avenida e pela Av. Dom Helder Câmara, até o supermercado Extra. Aos domingos e feriados funciona a Ciclofaixa de Lazer nesse mesmo local, se estendendo até a Penha pela Av. Governador Carvalho Pinto, mais conhecida como Tiquatira. 
Saiba mais sobre o projeto SP 400 km.