terça-feira, 22 de abril de 2014

#95 - porque o ribeirão secou.

"Do alto da ladeira da Penha você conseguia ver um grande vale olhando pro Norte. Lá embaixo o Rio Tietê passava serpenteando o vale e bem ali no pé da ladeira o Rio Aricanduva e o Ribeirão Tatuapé formavam um grande brejo. Parecia até mar na época das cheias." Isso é o que contava Zé Paguá. Verdade não sabemos se é, mas que ele contava isso todas as vezes que passávamos ali, contava. Zé Paguá não foi no rolê #95. Mas estava comigo de espírito. Zé Paguá, assim como muitos outros, ainda lembra de como era a "Estrada Velha da Penha", hoje ainda com o mesmo nome, bem conhecida dos moradores da região do Largo São José do Maranhão, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Onde hoje fica a paróquia, antes era parada obrigatória para aqueles que se dirigiam à Freguesia de Nossa Senhora da Penha de França. Hoje é impossível sacar que a região era uma imensa área pantanosa, cravada nas várzeas do Tietê, encontro de muitos outros riachos e ribeirões. Mais adiante, seguindo pela Rua do Tatuapé, cruzamos o Parque São Jorge até chegar na Rua Tuiutí. A região é conhecida por Tatuapé antigo, ou ainda Baixo Tatuapé. Em outros tempos foi uma região bem industrializada e isso é notável pelo número de galpões. Pra quem conhece somente o Alto do Tatuapé nas proximidades da Praça Silvio Romero, é bem legal um passeio pra sacar as diferenças. 

Seguimos, Zé Paguá e eu, pela Avenida Celso Garcia até o Parque Estadual do Belém. Aos domingos a avenida é bem diferente do turbulento corredor de ônibus no sentido bairro-centro. Praticamente uma ciclovia. Já havíamos feito um rolê pro parque e essa foi a segunda vez que pedalei por aquelas bandas. Ali do lado dá pra ver o que restou da favela Nelson Cruz, que foi destruída pra construção do parque. 

Dali para o destino do passeio é um pulo. A Vila Maria Zélia foi a primeira vila operária do Brasil. Foi tombada em 1992 e ainda preserva muito da arquitetura daqueles tempos. Melhor ir sozinho ou num grupo pequeno, principalmente se for de bike. 

Distância: 10km (partindo do parque Tiquatira).
Bikers do rolê: Zé Paguá e Sandre. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

#94 - A flor do altiplano andino na ZL.

flyer tosco.
Antes, um breve prólogo geográfico-administrativo. Como já comentei aqui antes, a divisão territorial e administrativa da cidade de São Paulo é feita oficialmente de duas formas: uma geográfica e outra administrativa. Centenas de bairros formam distritos. Distritos são agrupados e administrados por Subprefeituras. Não é assim tão simples como parece. Outras subdivisões não oficiais são adotadas por empresas privadas, ONGs e outros órgãos. Entre essas dezenas de distritos, há o distrito do Pari, um dos menores da capital. Localizado na região central, fica a nordeste do chamado Centro Histórico da Capital. Apesar da sua posição geográfica voltada mais ao norte, pertence à região administrativa Sudeste, visto que o bairro integra a Subprefeitura da Mooca. Portanto o Pari fica na Zona Leste.

Cravado entre os rios Tamanduateí e Tietê, tem uma história interessante em torno de seu nome: pari era uma cerca de taquara ou cipó feita pra pescar peixes. No início do século XX recebeu uma grande quantidade de imigrantes italianos, espanhóis, portugueses e gregos. Na década de 40, sírios e libaneses. Já nos anos 80, coreanos. E finalmente nos anos 90, começa a receber um grande número de imigrantes bolivianos que costumam se reunir aos domingos na Praça Kantuta. 

bike do Tonimar.
Kantuta, também possível a grafia Cantuta, é uma planta com flor típica do altiplano andino. É a flor nacional do Peru. Essa foi a segunda vez que o grupo fez um passeio para esse pedaço da Zona Leste. Segundo o site brasilbolivia.com, em dias de festa a praça chega a receber 3 mil pessoas. Partindo do bairro da Penha - que agora também tem uma feirinha boliviana no Largo do Rosário - o caminho até o bairro do Pari é praticamente todo plano. O rolê pelas ruas do Brás e Pari, aos domingos, vale muito a pena. Não deixe de experimentar uma salteña, empanada típica da Bolívia, e beber uma Paceña, a cerveja mais conhecida de lá. Se for mais forte, pode experimentar uma Chincha. Ficou curioso? Pegue a bike e vá conferir.

Igreja Santo Antonio do Pari.
Bikers: Mike, Tonimar, Ana Paula, Renato, Marcio, Luciano, Pérola, Fabio, Patricia, Eder, Guilherme, Evelin, Wendel, Kelly, Marcos e Sandre.